http://www.makepovertyhistory.org

2/28/2005

Uma Palavra

Não sei se respondo ou se pergunto.

Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.

Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.

De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.

A minha tristeza é a da sede e a da chama.

Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.

O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.

Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.

Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.

Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.

Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.

Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.

Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

Uma voz na pedra
António Ramos Rosa

2/23/2005

A memória, as memórias, as pessoas...

A vida...

A memória é qualquer coisa de prodigioso.

Bendito seja o seu criador, seja ele qual for.

Depois de tudo o que vivemos e com quem vivemos, resta-nos a memória.

Claro que podemos sempre recordar mais os momentos bons,

podemos sempre limar as coisas menos agradáveis, mas a memória que

guardamos das pessoas é uma espécie de puzzle onde todas as coisas têm o

seu lugar, um lugar simplesmente um lugar.

A memória das pessoas fica para sempre, é mesmo para sempre.

Acredita amiga! Eu sei que é para sempre!

Não se rasura nem se apaga...

FICA PARA SEMPRE! PARA TODO O SEMPRE!!!

2/18/2005

O sol vai alto, bem alto. Estamos no Inverno e o sol não aquece. Deixa-nos a sensação agradável da luz, a sensação agradável da "muita" luz num dia de Inverno, e o sol não aquece. Não me aquece a alma. Corre uma aragem fria, cortante, que me gela por dentro.

Entrei no primeiro café que encontrei, um café numa aldeia alentejana do interior. O café estava quase vazio. Três velhos sentados a uma mesa trocam palavras, falam de uma forma característicamente lenta e arrastada. Os velhos enquanto falam olham uma televisão que parece dar show para ninguém. Ela lá está! Aquela companhia inseparável.

A sensação de que se está acompanhado... Olha-se aquela caixa mágica donde chegam as notícias do mundo, tudo se torna tão próximo!

Ela ali está... mas não lhe ligam, olham mas não vêem.

Entro e sento-me na primeira mesa que encontro. Aqui fala-se a toda a gente, toda a gente se conhece.

Um homem segura-se atrás de um balcão olhando o vazio... e o seu olhar cruza-se comigo quando entro.

Aquele homem vem ter comigo e amavelmente pergunta-me o que quero. O meu olhar cruza-se com o dele.

Os nossos olhos cruzam-se como que a tentar perceber o que nos espera... estudamo-nos por segundos... Vejo os olhos mais tristes que já vi... o olhar daquele homem deixa transparecer uma tristeza sem fim... simpatia, amabilidade sem sorrir... Jamais esquecerei aquele olhar dilacerantemente triste, de uma profunda tristeza.

O café quente... perde o sentido, eu queria aquecer-me um pouco por dentro e saio dali enregelado.

Nunca me aconteceu... ficar tão marcado pelo olhar de um homem.

Os dias correm sem parar, sem fim naquela terra distante da confusão das cidades. O tempo corre sem parar. As derrotas do Benfica preenchem conversas de circunstância, e a conversa gira em volta de um italiano que deu à costa ali prós lados de Benfica. Fala-se do desapareci-mento dos mais velhos.

As pessoas arrastam-se, o tempo arrasta-se, e resiste-se... resiste-se ao desespero...

Sente-se no ar um odor de transpiração de espera de um fim que não chega...

O sol não aquece este dia de Inverno frio, gélido.

2/15/2005

foto de: Albert Darmali

2/14/2005

Como encontrar quem nos preenche?!? e nos esmaga de sentimentos de segurança e de tranquilidade?!? Não será um impossibilidade? Até que ponto a forma como amo alguém esmaga? Esmaga e oprime... Como amar e deixar espaço livre para sentir?!?!? Que coisa é a cumplicidade? Até que ponto a cumplicidade me limita e oprime?!? Quem não procuraria a cumplicidade das relações? Quem não pensou ter batido na porta errada? Quem não pensou ter entrado no "barco" errado? Quem não? Quem não pensou estar redondamente errado a pensar desta forma? Quem não? Quem............ não?!? Quem Não não não não não?!?!?!?!?!?!?

Quis ver o rosto do nada

quando olhei

para ver quem me seguia

ou seguiria

enquanto não olhasse

a sombra indecifrada

desta não sei se selva

ou estrada

ou talvez praia

ou destino perdido no caminho

Hélder Macedo

2/10/2005

"Deixa-me voar/por cima do teu/colo/até ir poisar/na tua alma"
Maria Teresa Horta

Uma LuZ...ernoffundo
hjkghjkhg
LHKJHG
Mais uma vez... Chegaram...
eles olharam-se... apertaram as mãos... olharam-se nos olhos...
e... esperamos... todos nós esperamos...
Os Palestinos esperam e... desesperam...
Os Israelitas esperam e... desesperam...
JámnãO há eNada dde sNoVo aaqui sdfsdfsdfsdfsdfsfadebaixO sdo aSoL vxcvxcbv

2/04/2005

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Letra original censurada, gravada em 1975, em Portugal

Adriano Cerqueira (1938-2005)

Adriano Cerqueira... Adriano faz parte de um imaginário, que persiste em mim, de comunicação em televisão. Era de facto um senhor na arte de comunicar. É uma das grandes figuras com que aprendemos a "conviver" diáriamente. A minha simples homenagem a um excelente profissional.

2/02/2005

Poder...
"A crueldade entre homens, indivíduos, grupos, etnias, religiões, raças é aterradora. O ser humano contém em si um ruído de monstros que liberta em todas as ocasiões favoráveis. O ódio desencadeia-se por um pequeno nada, por um esquecimento, pela sorte de outrem, por um favor que se julga perdido. O ódio abstracto por uma ideia ou uma religião transforma-se em ódio concreto por um indivíduo ou um grupo; o ódio demente desencadeia-se por um erro de percepção ou de interpretação. O egoísmo, o desprezo, a indiferença, a desatenção agravam por todo o lado e sem tréguas a crueldade do mundo humano. E no subsolo das sociedades civilizadas torturam-se animais para o matadouro ou a experimentação. Por saturação, o excesso de crueldade alimenta a indiferença e a desatenção, e de resto ninguém poderia suportar a vida se não conservasse em si um calo de indiferença."
Edgar Morin, in 'Os Meus Demónios'

2/01/2005

Gabriel meu companheiro...

"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo.Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem.Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas...Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha.Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedodo seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servirrealmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..." GABRIEL GARCIA MARQUEZ
"Que ffpossofg EU bvfazer
ghfghfgh
bvpara que vbisto
hhgjhgj
Não dxcvoltexa repetir-se?
"
lçºlçºl
Senão lembrar... dffs~
º~çº~º
senão falar...
cvvlçklçklç
Que mais posso EU
cv
fazer!?!?